Ozonioterapia em cães e gatos

Eles podem se beneficiar da ozonioterapia para auxiliar no tratamento de diversas doenças! Descubra mais sobre o procedimento!

Ozonioterapia em cães e gatos

Pode-se dizer que essa técnica terapêutica é recente. Ela pode ser usada desde 2018, quando foi aprovada pelo Conselho Federal de Medicina, para experimentação em humanos.

O que é a ozonioterapia?
Essa terapia está ganhando popularidade entre os brasileiros recentemente, porém a história da ozonioterapia começou na Alemanha, no século XIX, para combater a ação de bactérias de pele, de acordo com artigos publicados pela revista Lancet. Além disso, o tratamento era usado para tratar soldados feridos durante a Primeira Guerra Mundial, por volta de 1916.
A técnica aposta no uso terapêutico do gás ozônio, que seria capaz de combater vírus, fungos e bactérias, estimular a ação do sistema imunológico e melhorar a perfusão dos tecidos.

O ozônio (O3) é um gás muito instável. Pois ele se forma entre 15 a 50 km de altura na estratosfera, quando os raios UV incidem no oxigênio (O2).
Para simular essa reação e produzir o ozônio medicinal, usa-se um aparelho que dá descargas elétricas no oxigênio, resultando em uma mistura com 95% de oxigênio e 5% de ozônio.
Como o ozônio é tóxico se for inalado por humanos e animais, o gerador de ozônio deve ser um equipamento bastante seguro. E, como a molécula é instável, deve ser produzida apenas na hora em que será usada.
Assim, ela dura apenas meia hora se ficar em temperatura ambiente. Você provavelmente está se perguntando como um gás venenoso pode ser utilizado em um tratamento?
Funciona assim: por ser um gás instável, o ozônio logo se recompõe como oxigênio (os seis átomos de duas moléculas de ozônio formam três moléculas de oxigênio). Essa reação de oxidação libera radicais livres, que, por sua vez, ajudam a combater agentes infecciosos, como bactérias e fungos.

Mas aí surge uma segunda pergunta: os radicais livres não são, eles próprios, prejudiciais à saúde?
Em tese, sim. No entanto, de acordo com os adeptos da ozonioterapia, o organismo percebe a oxidação e estimula os processos antioxidantes naturais do corpo. Assim, a técnica seria capaz de melhorar a imunidade, além de ter ação anti-inflamatória e analgésica.

Mas afinal, a ozonioterapia, para que serve? Em humanos, a ozonioterapia é usada como recurso terapêutico complementar em tratamentos. Ela pode funcionar desde câncer até dores e inflamações crônicas, passando por feridas, queimaduras e problemas vasculares.

Com os pets, a ideia é a mesma! Na medicina veterinária, além da ozonioterapia em cães com câncer, a técnica também é usada para:

• Artrites e artroses;
• Colites;
• Hérnia de disco;
• Infecções urinárias;
• Úlceras.

Como a ozonioterapia é aplicada em cachorros?
A aplicação da ozonioterapia em cães idosos, adultos e filhotes é bastante semelhante à que se faz em seres humanos e se dá das seguintes formas:

• Intravenosa (um pouco de sangue é retirado do paciente, tratado com ozônio e devolvido à circulação);
• Hemoterapia (aplica-se o sangue tratado com ozônio em injeção intramuscular);
• Tópica (a parte do corpo a ser tratada é colocada em uma espécie de bolsa onde circula o ozônio, ou aplica-se água bidestilada ou azeite previamente tratados com ozônio sobre a área afetada na forma de compressa ou spray);
• Insuflação retal (sem mistura, o ozônio medicinal é absorvido pela mucosa intestinal);
• Intra-articular ou intradiscal;
Assim como ocorre na ozonioterapia para humanos, somente um profissional da área de saúde é capaz de definir a melhor forma de administração do tratamento.

Afinal, a ozonioterapia veterinária é recomendada?
A Associação Brasileira de Ozonioterapeutas Veterinários (Abo3vet) está pleiteando a regulamentação do uso do ozônio como tratamento experimental e complementar, junto ao Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
“O Código de Ética do Médico-Veterinário esclarece que qualquer tratamento a ser indicado para um paciente deverá contar com as explicações necessárias para que o cliente fique ciente dos riscos trazidos pelo tratamento para o seu animal. Como a ozonioterapia ainda não foi devidamente testada e comprovada, não há como um profissional alertar seus clientes quanto a possíveis riscos”, afirma, em nota, o CFMV.
Em dezembro de 2018 a Abo3vet encaminhou 300 artigos ao CFMV para sustentar os resultados positivos da técnica, acompanhados de diversos relatos de caso.
Agora, a associação vai apresentar propostas de protocolos e de termos de anuência do tutor, que terão de deixar claro quais são os animais elegíveis ao procedimento e que se trata de uma experimentação clínica. A discussão, então, deve ir ao plenário do CFMV, que deve editar uma resolução com o posicionamento do órgão.

De acordo com a Abo3vet, cerca de 1.500 médicos-veterinários trabalham com ozonioterapia no Brasil e há muitos relatos de tratamentos concluídos com êxito, mas não há nenhuma capacitação reconhecida pelo CFMV.

Referências bibliográficas:

CHAVES, L. J. Q. Dermatomicoses em cães e gatos: avaliação do diagnóstico clínico-laboratorial e dos aspectos epidemiológicosem uma população de portadores de lesões alopécicas circulares. Universidade Estadual do Ceará. 2007

FREITAS, A. I. A. Eficiência da Ozonioterapia como protocolo de tratamento alternativo das diversas enfermidades na Medicina Veterinária. PUBVET, Londrina, V. 5, N. 30, Ed. 177, Art. 1194, 2011.

LOBO, M. B. Dermatologia de Pequenos Animais. Universidade Federal de Goiás Campus Jataí. 2006.

MADUREIRA, R. Diagnósticos das Doenças Dermatologias de Pequenos Animais: Principais Desafios. Universidade Federal do Paraná. 2017.

MARQUES, M. L. Estudo da ozonioterapia como contribuição para a odontologia Veterinária. USP. São Paulo. 2008.

PEREIRA, V. G. A. Estudo retrospectivo da resistência bacteriana na dermatite atópica canina. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Lisboa. 2013.

Site Comitê Internacional Científico de Ozonioterapia
www.isco3.org

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